Obesidade x Emagrecimento: o desafio do século

Que a atividade física ajuda ter um corpo mais bonito todo mundo sabe. Porém, esse ainda não é o mais importante. Emagrecer traz inúmeros benefícios para saúde, ajuda a reduzir o risco de adquirir doenças graves e auxilia até a manter o bom humor e afastar distúrbios como depressão e ansiedade.
Um em cada cinco brasileiros tem sobrepeso ou obesidade, o que representa um crescimento de 60% nos últimos 10 anos. Junto com a obesidade, cresceram também o número de doenças metabólicas dela decorrentes, como diabetes e hipertensão. O Ministério da Saúde estima que as doenças cardiovasculares, respiratórias crônicas, diabetes e câncer, juntas, correspondam a 74% dos óbitos anuais no Brasil.
Os números são consequência de uma mudança de padrões alimentares motivada, principalmente, pelo aumento do trabalho e da renda e pela aceleração da rotina, diminuindo o tempo de sono. Desde 1970, o brasileiro tem cada vez mais deixado de comer em casa para optar por comidas mais rápidas e calóricas. A incorporação e mais gente no mercado de trabalho, entre 2005 e 2015, aumentou o número de pessoas com acesso a mais opções de consumo, inclusive, de comida.
É verdade que alguns erros genéticos podem também ser os culpados pela dificuldade de algumas pessoas perderem ou ganharem peso. Isso ocorre porque a sensação de fome ou de saciedade é motivada pela liberação de hormônios e peptídeos, como insulina, leptina, CCK e GLP-1 (para a saciedade) e grelina, NPY e AgRP (para a fome). Quando há desequilíbrio na produção destes hormônios e peptídeos, o metabolismo e a termogênese ficam comprometidos.
Contudo, antes de apelar para a terapia medicamentosa e a cirurgia, quem quer emagrecer precisa se certificar de que seu sobrepeso ou obesidade não é motivado por maus hábitos. “A ciência reconhece que desequilíbrios genéticos podem motivar a obesidade, mas nem tudo é culpa da biologia. É preciso seguir com rigor os passos da pirâmide de tratamento”, esclarece o médico, dr. Wellington Reis.
A pirâmide a que ele se refere prevê 2 etapas prioritárias para quem quer emagrecer: mudança do estilo de vida (com dieta personalizada e atividade física orientada) e, se necessário, terapia cognitivo-comportamental (onde o especialista auxilia o paciente que tem dificuldades em assumir uma vida saudável). Somente esgotada as possibilidades e diante de casos severos é que se deve apelar para os medicamentos com expresso acompanhamento médico, e para cirurgias, como a bariátrica (redução do estômago).
“É natural que muita gente queira pular esse percurso porque ele leva tempo, e nosso padrão de beleza exige que todo mundo esteja bonito para o carnaval. Contudo, somente reduzir o estômago e não seguir uma rigorosa reeducação alimentar não será suficiente para assegurar o emagrecimento no longo prazo”, alerta o médico.
Além disso, a mudança de hábitos, assumindo uma alimentação mais saudável e inserindo exercícios físicos na rotina semanal, pode mudar a vida de uma pessoa para sempre. Para se ter ideia, o emagrecimento de somente 5% a 10% de alguém com sobrepeso gera uma imediata queda da glicemia média, da pressão arterial, do colesterol total e dos triglicerídeos. A redução destes três fatores já minimiza também o risco de doenças cardiovasculares.
Como importante arma para o combate à obesidade e ao sedentarismo, a Organização Mundial de Saúde (OMS) recomenda pelo menos 150 minutos de atividade física por semana (cerca de 20 minutos por dia). Contudo, uma pesquisa realizada pela Look AHEAD (sigla em inglês para Movimento pela Saúde de Diabéticos, em tradução livre), dos Estados Unidos, apontou que dietas mais restritivas, acompanhadas por um especialista, aliadas a atividades físicas de 40 minutos ou mais de duração diária, são mais eficazes para a redução de peso.
Outro fator importante é assiduidade às consultas. “As consultas regulares com o nutrólogo e o acompanhamento proativo de um personal trainner são importantes armas para quem quer emagrecer. E isso é possível para todos. Basta dar o primeiro passo”