Nutrição Individualizada
O meu interesse por nutrição humana e nutrologia surgiu há 19 anos, no começo da minha empreitada médica, e fui testemunha de uma grande evolução nesse campo após o sequenciamento do genoma humano na primeira década do século XXI.
Após esse marco surgiram duas subdisciplinas: a nutrigenética e a nutrigenômica.
A indicação dietética de forma individualizada passa a apoiar-se no fato de cada indivíduo possuir variações na sequência de nucleotídeos do DNA(polimorfismos), de modo a torná-lo único nas suas respostas biológicas aos vários nutrientes e alimentos. Ou seja, nós temos diferenças individuais na metabolização da cafeína, das gorduras, dos carboidratos, além de necessidades diferentes de vitaminas e minerais. Pois uma pessoa pode absorver e metabolizar melhor ou pior determinado alimento, e além disso temos diferentes sucetibilidades a doenças crônicas com o mesmo padrão alimentar. Essas explicações simples para essas questões complexas envolvem a nutrigenética.
Cada indivíduo digere, absorve, metaboliza e excreta nutrientes diferentemente e de acordo com sua expressão genética individual. Por isso uma dieta que pode emagrecer uma pessoa, pode não funcionar para outra, ou até engordá-la. Então rotular dietas e protocolos sem investigar ao fundo uma pessoa pode ser um fracasso.
Mas hoje é consensual que a influência do estilo de vida e da dieta na expressão de um gene é tão ou mais importante que as diferentes formas desse gene (polimorfismos). E assim surgiu o termo, nutrigenômica, que investiga os efeitos dos alimentos, nutrientes e compostos bioativos na expressão dos genes, ou seja, modular a expressão de genes (ativar os “genes bons” e silenciar os “genes ruins”) de forma reversível e independente das variações na sequência do DNA, embora sejam herdadas.
Sua herança de pais ou avós de diabetes ou hipertensão ou até mesmo câncer, não é seu destino. O seu padrão de alimentação pode ser a forma mais segura e poderosa, como um medicamento para evitar todas as doenças.
A relação entre o perfil dietético e a interação com os genes de forma direta e indireta como explicado, modificaram a minha prática clínica na nutrição humana e nutrologia. Por isso é necessário identificar os indivíduos respondedores e não respondedores em relação ao estilo dietético, nutrientes, suplementação, e atender as diferentes necessidades nutricionais de acordo com os diferentes perfis genéticos e fenotípicos.
Finalizando, um melhor estado de saúde pode ser alcançado se as recomendações nutricionais forem personalizadas, levando em consideração tanto as características genéticas herdadas (nutrigenética) como as adquiridas (nutrigenômica e epigenética), dependendo do seu estágio de vida e preferências alimentares.